terça-feira, 26 de setembro de 2023

Compaixão

    Decepção não mata ninguém, ela faz doer, talvez porque  ela exponha a vergonha de uma expectativa frustrada. Inventamos pessoas, atribuímos a elas qualidades que não passam de projeção. Não é por mal, é pra fugir da realidade dos fatos, e quando isso vem a tona, dói na alma.

   Nascemos sós e morreremos sós.  Não dá pra acreditar no ser humano, porque infelizmente cada um tem a sua vaidade de pensar primeiro em si mesmo, e se não o afeta, ele não enxerga motivos para se compadecer.
   É vergonhoso pedir que as pessoas tenham "compaixão", risível pensar que quem tem a si mesmo como único sujeito merecedor de sucesso porque sofreu e também ganhou, na face da terra tenha "sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la".
   O vaidoso te convence com lindos discursos, mas sem nenhuma ação. Não ame aonde não se retribui com amor, mas com interesse. Na primeira oportunidade ele pra não revelar sua faceta egoísta vai te ridicularizar, te ferir e se afastar, porque em pessoas vaidosas não existe responsabilidade afetiva, deixa ir, ninguém tem o poder mudar a trajetória, que inclui o prazer de ser o que se é, do outro.
   Não quero, nunca quis, ser coberta de mimos, busco piedade, não tenho vergonha disso, porque não me queimo na fogueira da vaidade, já compreendi que tudo se torna mais fácil tendo outras pessoas, as vezes a gente precisa dizer o que está doendo,por menor que pareça, não é um querer ser elogiada,não gosto, e nem sei ser elogiada, me sinto uma farsa, fui criada a base do medo de dar errado e a vergonha de fazer mal feito, busco acolhomento, o que também ninguém é obrigado.


   É esse otimismo que me mata, me envergonha e que agora me faz ter medo das pessoas e me afastar porque é o melhor que eu posso fazer por mim mesma, chega de lutar pelo impossível, ninguém é obrigado a reconhecer meus esforços. Claro que é infantil, mas não é indecente como ignorar a dor alheia. Chega de estar sempre à disposição,  é preciso saber sair de cena, reconstruir outros caminhos que não seja o mesmo que levou a falência emocional.
   Enquanto eu não me blindar da "bondade" de gente boa, não adianta eu pedir que Deus me governe e guarde, eu preciso fazer muito mais por mim. É estranho, mas é real a necessidade de não querer,  procurar evitar e correr de qualquer favor do outro. A vida não é open bar, tudo que for consumido vc irá pagar, porém no preço do outro.
   Em via de regra nunca se esqueça que cada um é do tamanho do seu sonho, cada um é o representante daquilo que deseja. Ninguém, nem querendo,  vai fazer por você. Vivemos num mundo de vaidades, você só serve se souber servir, e tenha certeza, nada aos olhos do outro vai estar bom o suficiente quando tem o outro para fazer. Então, faz o certo, faz o seu, faz por você.

terça-feira, 21 de março de 2023

Abrir concordata

    Existem coisas que simplesmente a vida escolheu que você não nasceu para aquilo, seja ter ou ser. A gente tem que tomar cuidado com as expectativas e as consequências daquilo que a gente deseja, pra não se encontrar como um jogador compulsivo gastando o que ele não tem, para ter de volta a aposta que ele fez.

     Nem sempre vamos ter exatamente aquilo que queremos e desistir é um ato que vai além da coragem, é amor próprio em se poupar de gastar energia com aquilo que já se tentou de todas as maneiras e não tivemos êxito.

     Aceitar o fracasso pode ser o começo de um novo ciclo com acertos, porque muitas vezes não é um erro no caminho que está errado, é desejar aquilo que não podemos alcançar. E está tudo bem, você pode conseguir outras satisfações por outras formas e por uma trajetória menos dolorosa.



     E não é sobre não tentar, tente no seu limite, nao se culpe, mas entenda quando não está dando certo, é se conscientizar  que buscar por algo não é a certeza de alcançar, e que podem existir mil outras coisas que realmente estamos perdendo e  só vamos conseguir se compreendermos que devemos conversar com as nossas vontades e as reformula-las.


     O que não veio hoje, talvez venha amanhã, ou talvez não venha nunca, apenas se permita a não perder as oportunidades que a vida proporciona por uma questão de capricho.

      Se existe uma obrigação,  é com o nosso bem estar. Então, não é uma derrota assumir a realidade abrir concordata e não gastar mais da energia que não temos em busca de algo, se respeitar é um mantra de equilíbrio. Que nada nos desvie disso.

domingo, 26 de junho de 2022

Essencialmente solta


Gosto de ser livre, 

ir e vir sem ter que avisar.

Pipa voada,

entrar e voltar sem planejar. 




Não nasci pra viver de algema,

qualquer tipo controle já me vejo num cativeiro. 

Gosto de ter as mais variadas ligações,

porém só sigo em frente se sentir total confiança. 




Nunca tente me dominar,

meu espírito é livre não aceita se prender.

O que me fideliza é acreditar, 

não consigo conviver sob suspeitas. 





Quem quer me ganhar,

tem que entender que não ganha,

também não perde, 

não sou uma prenda. 





Por me amar e  me completar,

não aceito dominação,

respeito meu espírito e coração,

ambos necessitam de liberdade. 



Pra ter meu convívio 

não pode ser com meia verdades .

Não sei ser pela metade,

não consigo lidar com receio.


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Eu ainda tenho a mim ...

 


     Hoje me alimentei apenas com as minhas lágrimas, mergulhei profundamente no meu poço de magoas e então pude ver que ele não tem fundo, mas meu coração, no entanto, tem seus limites.

     Os olhos apenas jorram o que transcende da minha alma, a cabeça não desliga e mais uma vez eu me pergunto "qual foi minha contribuição para o caos?"

     O ar chumbado desses dias vibrantes e vibrados de Picasso, me faz respirar devagar, como se estivesse degustando como se fosse algo raro. 
     Eu só precisava parar o tempo, ele não para, não me obedece. Estou enjoada, só queria me dar uma trégua, talvez poder descansar.

     É por uma bala de prata no gatilho do revólver e mirar na própria testa pedir para que alguém não te abandone nessa vida. É dar um poder maior que o que você tem na sua vida, afinal, nascemos e morremos só.

     Do teu pouco, sempre fui feliz, nunca lhe desejei mal, nunca quis ir além daquilo que me trazia. Espero de verdade, que eu nunca mais acredite que este pouco, que um dia cheguei a crer, pudesse ser a outra faceta; do mais isso também me foi útil , descobri que tenho a mim. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Chagas


   É quando estou apenas comigo que consigo me encontrar num mundo tão grande e tão diferente do que eu esperava, quando era criança .
   É no meu silêncio que peço a deus os meus pedidos de ajuda, sem querer atrapalhar, apenas se ele puder, me ponho a disposição para que eu entenda o que a vida quer me ensinar .

   A solidão tem sido meu refúgio, o lugar mais digno que eu já conheci, onde posso ser quem eu sou, onde me permito chorar, entender que não sou dona do tempo e que haja o que houver há de passar.
   Quando me escuto compreendo que não possuo o tempo, mas possuo o planejamento caso me haja tempo.
   Tenho milhões de erros, frustrações, tristezas e mágoas, não adianta mentir e dizer que não doem, as minhas chagas me doem, o que posso fazer é me afastar de quem mexe nelas por um prazer de superioridade. Se alguém acredita que tem essa superioridade, eu tiro esse poder, e quando me retiro, caio de pé.
   Não sou do tipo de passar o pinico, sou do tipo de dar a mão, mesmo que seja para ser picada, afinal fui eu que procurei, mesmo sem ter encontrado. 
Vida que segue.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Amar as vezes pesa.



    As vezes amar é um ultraje, te desgasta, a ponto de crer que seja melhor se recolher. Amor não é de graça, mas também não deveria te custar tanto, ele não deveria te consumir, dependendo de quem se ama, é um alto preço, sinal claro que não vale pena. Amores assim não são espontâneos e não existem reciprocicidade. O problema é que quando falta amor, sobra projeção. 
          
    Claro que existem dívidas emocionais, criamos expectativas aos outros,  como os outros também alimenta nossas fantasias pelo memos motivo que nos move: ego. Voltando ao assunto,afinal é desgastante amar, perdoar quem não pediu pra ser perdoado, criar um enredo justificando essa falta de interesse é um ato desumano.

    É nesse exato momento que deve entrar a razão, se a pessoa não quer perdão, não se importa com seus interesses, não consegue mensurar o que ela significa pra você, dorme e vive em paz, aí temos um problema, que é todo seu, o que fazer quando se enxerga mau amado? Tire o foco da sua vida de quem não te quer na vida dela. Dói, mas melhor que seja de vez. Difícil, mas tem que acreditar que :

"Em algum lugar além do arco-íris
O céu é azul
E os sonhos que você ousa sonhar
Realmente se realizam
Um dia vou fazer um pedido pra uma estrela
E acordar bem além das nuvens..."

     Isso também é fantasia, mas se for pra fantasiar que seja para algo que traga coisas boas. Relacionamentos tóxicos só servem para acabar com sua auto estima, porque ninguém tem o direito de te ferir a ponto de não confiar mais em ninguém. Seja para os outros aquilo que não foram pra você, não espere nada em troca.
        Desfaça sua bagagem emocional de frustrações e siga sem peso nos ombros, você fez o seu melhor, você se entregou de verdade, mas não adianta carregar aquilo que só pesa.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O que quase ninguém vê





Já insisti que ficasse quem nunca mereceu estar. Já pedi perdão a quem não merecia sequer ser perdoado. Já esperei por alguém que no final das contas, nunca deveria era ter conhecido. Já me culpei por coisas que não estavam à minha alçada, e o que fiz com o que me coube seria motivo de orgulho não consegui enxergar o quanto merecia orgulho, mas em função do outro me desvalorizei.
Eu já fiz de pessoas uma necessidade que beirava ao vício. Como já fiz de uma mera vontade, um lema de vida. Cultivei amores em terras áridas, talvez para que pudessem ser inalcançáveis.
Me cerquei de pessoas aparentemente intocáveis, conceitos inabaláveis tomei como meus valores, as coisas se tornaram inexplicáveis, o vazio é antropofágico, o silêncio também ensurdece, assim como existem luzes que cegam.
E foi assim que criei num universo paralelo, uma espécie de auto exílio ao ponto que tomou proporções de um cativeiro, onde me escondi por anos dos meus medos e das fragilidades que eu repudiava em mim.
Enquanto isso aqui fora a minha armadilha era vista pelos outros como uma armadura, como se pela existência dela eu, um ser com tantos medos e poucos sonhos, pudesse proteger alguém ou tivesse a capacidade de aguentar, enfrentar a tudo e a todos, situações extremas, sem pestanejar, sem nenhuma nuance do meu eu. Eis o que tomam como minha força: ser resiliente na dor e artimanha de esconder todos medos que há em mim.